O cego que voltou a ver sem enxergar

•15/12/2009 • Deixe um comentário
530_202

'Um antropólogo em Marte" de Oliver Sacks

Aqui eu introduzo outro livro de Oliver Sacks chamado “O antropólogo em Marte” e, mais uma vez, é uma coletânea de sete histórias que contam casos clínicos curiosos. O capítulo de hoje é intitulado “Ver e não ver” e mostra como o cérebro humano é algo surpreendente.

Virgil (um homem bem azarado, por sinal) adquiriu sérias condições logo nos primeiros anos de vida: catarata e degeneração da retina. Não é preciso dizer que ele não enxergava depois disso. Passou 45 anos vivendo como cego até que foi submetido à cirurgia de remoção da catarata e, assim, perceberam que a sua retina ainda funcionava.

Mas o curioso de tudo é que, ao invés de explodir de alegria e sair gritando “EU POSSO VERRRRR!!!”, a passagem de um cego para alguém que vê foi extremamente traumática para ele. Parece estranho, não? A visão é um sentido extremamente complexo e demora-se anos para aprender a dominá-la: tempo que passamos tão suavemente nos primeiros anos que nem nos damos conta.

Você certamente não se lembra de quando era bebê e tentava pegar as coisas que estavam do outro lado da sala só esticando o bracinho, achando que estavam perto de você. Há muitas etapas envolvidas nesse aprendizado que ainda parece ser um mistério. Para se ter uma idéia, metade do nosso cortéx cerebral é dedicado à visão e seus processos.

Resultado: Virgil não sabia distinguir o seu cachorro de lado e de frente, pois parecia totalmente diferente para ele. Não conseguia ver uma foto como representação da realidade, para ele era apenas um monte de cores aleatórias. Pinturas então, nem sonhando. TV e cinema também eram coisas bem dificeis para ele compreender.

Misturava sua visão dos olhos com a visão que tinha com as mãos. Olhava o  seu gato, tocava-o e sabia que era um gato; pegava a pata e olhava e sabia que era uma pata; apalpava a cabeça, a observava e sabia que era uma cabeça; tocava o corpo e sabia que era o corpo de um gato; porém ficava confuso porque não conseguia enxergar como a pata e a cabeça se encaixavam no corpo.

UM_ANTROPOLOGO_EM_MARTE_1231644548P

Edição de bolso

Não conseguia distinguir um gorila de um homem até tocá-lo (no caso, uma estátua em tamanho real) e perceber que era muito diferente. Aparentemente, as partes de seu cérebro que eram dedicadas a visão foram convertidas ao tato de modo que ele não tinha uma visão completa e se não tocasse e olhasse ao mesmo tempo.

Você certamente sempre teve a idéia de que todo cego quisesse ver (aposto que muitos cegos querem ver mesmo, mas não sabem o que “ver” significa)…mas será mesmo? Precisamos entender que todos vivemos em um universo diferente, que cada pessoa tem seu modo de viver a vida e que, nem sempre, mudanças serão bem recebidas.

O homem desnivelado

•14/11/2009 • 1 Comentário
4673949_l

A torre de Pisa

Como dizia, há sentidos secretos (como Oliver Sacks os chama) no nosso corpo. Sentidos que são fundamentais e que só percebemos sua importância quando eles não estão lá para nos auxiliar. No post anterior eu comentei sobre dois outros sentidos que poucos achamos que são sentidos: propriocepção e equilíbrio. Pois bem, irei comentar sobre eles nesse post.

O capítulo 7 do livro “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” intulado “Nivelado” relata o caso do sr. MacGregor. Era um senhor de 97 anos bem vívido. Na real, nem seu raciocínio, nem sua força física aparentavam essa idade: parecia não ter mais de 60. Mas o sr. MacGregor tinha um problema que todos já ouvimos falar: o “mal de Parkinson”.

Além da “tremedeira” que todos sabemos, o parkinsonianismo afeta a integração dos sentidos de propriocepção, equilíbrio e visão em algumas pessoas. O resultado é que ele andava todo inclinado “uns bons vinte graus”, a ponto de cair, e não sentia. Não sentia estar desiquilibrado, não sentia seus músculos contraídos assimetricamente, não via sua visão inclinada. Andava como se fosse a torre de Pisa, como diziam seus amigos.

Ao consultar o Dr. Sacks, este filmou o sr. MacGregor andando e mostrou-lhe o video. Dizia, chocado, que se via andando inclinado, mas não sentia. A seguir, passou a um momento de reflexão, chegando a sua própria conclusão. Disse que era carpinteiro e que usava o nível de bolha para ver se algo está nivelado, se está inclinada em relação a uma vertical. Analogamente, ele supôs que no corpo humano existisse uma espécie de nível e que o seu era afetado pela doença de Parkinson.

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

O capítulo mostra como a integração desses sentidos é importante para a manutenção da postura do corpo humano. Mostra também que, se um deles faz falta, outro pode assumir o lugar, não na totalidade, mas do jeito que for possível. Diversas vezes vemos cegos que tem o tato e a audição aguçados. Da mesma forma, o sr. MacGregor se aproveitou que sua visão estava intacta e a usou para complementar os seus sentidos deficientes. Pediu um espelho grande e viu que podia se corrigir, caso se visse inclinado. Porém, como fazer isso no cotidiano? Certamente carregar um espelho para todo lado não era a melhor saída. O que fez foi………..=)

Aguardem o próximo post com um caso que contraria o senso comum!

O sétimo sentido

•10/11/2009 • 2 Comentários
Cinco sentidos?

Cinco sentidos?

Você sabe quantos sentidos tem o corpo humano? Se você foi pelo senso comum e respondeu aqueles cinco clássicos (visão, olfato, audição, paladar e tato), errou. Se você se lembrou de uma série no Fantástico que falava sobre o sentido do equilíbrio e respondeu seis, também errou! Os livros de fisiologia classificam em sete (há ainda a propriocepção), porém eles falam de mais sentidos ainda(sensibilidade profunda, visceral etc).

Então, qual é a resposta? Bem, a resposta depende da definição de “sentido”, porém, o mais sensato é falar que não há resposta. Isso acontece porque, analisando detalhadamente, há zilhões de modos de você classificar. Por exemplo: dor de um machucado você pode dizer que sente pelo tato, porém, e a dor de estômago?

E associando-se cada sentido ao seu respectivo sensor? A visão está para o olho, assim como a audição para o ouvido, o paladar para a língua, olfato para o nariz e o tato para a pele. Mas equilíbrio e propriocepção não estão restritos somente a um orgão, principalmente o último. O equilíbrio está associado ao sistema vestibular que está no ouvido interno; porém, não esqueçamos que a visão também tem um papel importante no equilíbrio.

duvida-cruel-02

Seis? Sete? Quantos?

E a propriocepção? Primeiramente, a pergunta que não quer calar: O QUE É PROPRIOCEPÇÃO AFINAL!? Bem, como a palavra diz, é o sentido que você tem de você mesmo. HEIN?! Calma, é simples! Quando você come, você precisa usar um espelho para acertar a garfo na boca? Feche os olhos e você sabe exatamente onde está o seu nariz. Você sabe quando está sentado, em pé, deitado…Tudo isso é esse sentido chamado de propriocepção.

E que orgãos estão associados a ele? Pois é…aí é que está o problema. Ela é um dos sentidos mais misteriosos do corpo humano. É baseada em informações da visão, do equilíbrio e, acredite, do estado de contração dos músculos. Complicado? Sim, eu também acho!

Bem, eu disse tudo isso para dar introdução a mais uma série de histórias interessantes que Oliver Sacks conta em seus livros e reflexões. Aguardem, você nunca mais vai ver o cérebro humano como hoje!

Nutrição genômica: o futuro do que você come

•21/10/2009 • 1 Comentário
nutrigenomica

Alimentos e genética estão intimamente ligados

Você já reparou que os remédios que você compra na farmácia, em geral, são um monte de substâncias misturadas e que uma delas é que faz efeito (o chamado “princípio ativo”)? Um comprimido pode ser feito de talco, amido, sílica, celulose, lactose e mais um monte de coisas.

Mas…você já pensou que o alimento que você ingere também é parecido? Não no sentido de possuir propriedades de cura, mas de ter alguma substância com efeito desejado em meio a tantas outras. E sim, de fato, há muitos alimentos em pesquisa que parecem promissores em muitos casos de doenças que são categorizadas como “crônicas e não-transmissíveis”.

Quer exemplos? Quem nunca ouviu falar que a soja tem efeito benéfico para mulheres na menopausa? Que vinho é bom parao coração? Que Ômega 3 é bom para colesterol? Agora as questões são quais alimentos tem propriedades, como eles atuam, quem pode aproveitar-se deles, e se são seguros e efetivos.

Assim, um dos ramos que surgiu há pouco tempo é a chamada Nutrição Genômica. É uma área que estuda que efeitos determinada substância de um alimento provoca no modo como o DNA de uma pessoa trabalha; pode-se assim saber o que esperar e, também e tão importante quanto, em quem eles são efetivos. Sim, é meio complicado, mas vamos esclarecer com exemplos:

dietas-personalizadas

Lembre-se que toda dieta deve ser personalisada

Quando uma mulher entra na menopausa, a quantidade de estrógenos (hormônios femininos) cai drasticamente. Assim, surgiu a idéia de se fazer a terapia de reposição hormonal para contornar os efeitos desagradáveis dessa fase. Porém, houve um aumento no número de mulheres que desenvolveram câncer em meio àquelas que estavam fazendo esse tratamento. Uma opção para contornar esse problema foi a soja: ela possui as “isoflavonas” que são substâncias parecidas com o estrógeno, particularmente as “genisteínas”. Estas competem com o estrógeno dentro do organismo da mulher, porém tem menos efeitos carcinógenos.

Outro exemplo são os “fitoesteróis”. São substâncias parecidas com o colesterol que só são encontradas em plantas. Ao ingerí-los, eles competem com o colesterol no organismo, com menos efeitos indesejáveis contudo.

Há também o Ômega 3, que nada mais é que um tipo de gordura: ele “fala” para o DNA da pessoa produzir mais HDL (o “colesterol bom”) que LDL (o “ruim”).

O vinho possui o reverastrol. Essa substância atua em ponto de um MONTE de reações interligadas que, indiretamente, é responsável pelo acúmulo de colesterol nos vasos sanguineos quando este está em excesso.

Interessante, não? Porém, antes de você virar vegetariano e entrar na próxima adega para enxer a cara de vinho, é preciso saber SE esse tipo de tratamento é bom para VOCÊ. O que eu quero dizer é: nem todo alimento é funcional para todas as pessoas. Assim como há pessoas com olhos azuis e olhos pretos, há pessoas que respondem ao reverastrol e outras que não: isso é a genética se estendendo até aqui. Às vezes, em seu DNA, há um dado que permite que o Ômega 3 faça bem; às vezes, pode ser que ele não faça nada; assim como, às vezes, pode fazer até mal; tudo depende de como o seu DNA trabalha.

rice_dna1

Idem

“E agora, José?” Aumentou a expectativa pra depois cortar o barato? Hehehehehehe, não! A minha intensão aqui é mostrar que há campos promissores na ciência e que são bastante curiosos para o nosso dia-a-dia. Longe de mim ficar prescrevendo alguma coisa. Além disso, se você notou, há muita expectativa nesse meio todo: é bem provável que, no futuro, esse tipo de informação esteja nas nossas mesas. Mas só no futuro, por enquanto tudo ainda está muito cru.

E vale sempre aquela famosa observação: não há milagres. Hábitos saudáveis são fundamentais: alimentação adequada, não fumar, praticar exercícios e mais um monte de coisas que todo mundo sabe, mas não faz.

“O menino do pijama listrado”

•16/10/2009 • 1 Comentário

o-menino-do-pijama-listrado1 Livro bom. Sim, eu não vou ficar florindo o que eu não achei espetacular. Havia tanta propaganda em cima desse livro que fui com muita expectativa. Não me decepcionou…mas também não é tudo isso que falavam…

O livro tem como personagem Bruno, um garoto de 9 anos, filho de um militar do alto escalão e abastado – e que não é o menino do pijama listrado, cabe ressalva. Ele se vê forçado a mudar de casa por causa do serviço do pai e acaba conhecendo um novo mundo no novo lar. É narrado em terceira pessoa, porém sob o olhar de uma criança, com uma linguagem infantil e inocente (o que chega a ser, não sei se é a tradução, irritante algumas vezes).

Claro, se não fosse essa característica, o livro não seria o que é. Porém, convenhamos: exagero nunca é bom. Eu particularmente gosto de conhecer a personagem, de entender como é a vida dela, seu mundo, segredos, dramas, conquistas: o que faz dela o que ela é. Porém Bruno me parece um garoto de plástico. Se esse fosse um livro para crianças, até se pode perdoar; porém é óbvio que nenhuma criança seria apta a entender o tema abordado.

Enfim, eu classificaria esse livro como “apenas mais um”. Emociona pelo tema e o desfecho. Mas nada que acrescente algo a vida, nada que faça refletir, nada de mistérios deliciosos, nada de linguagem preciosa, nada de revolucionário…nada de especial, um livro para se vender.

Wolfram|Alpha: o Google de dias contados?!

•08/10/2009 • 1 Comentário
Capturar

Wolfram

Quem nunca ouviu falar do Google? A ferramenta de busca mais usada atualmente. Tenho que adimitir que ele quebra um galho enorme. Antigamente eu tinha que ficar guardando no “Favoritos” endereços de sites de busca de cifras, fotos, jogos etc. Hoje, basta o Google pra fazer bem a maioria das coisas.

Agora, quem já ouviu falar no Wolfram|Alpha? Se você já, meus parabéns. Ele não é bem um site de busca como o Google: é superior. Ele pretende ser uma fonte de informações para respostas às perguntas mais comuns até as mais complexas. É o que a própria Wolfram Research chama de “mecanismo de conhecimento computacional”. A longo prazo, seu objetivo é fazer com que todo conhecimento sistemático seja computável e esteja a disposição de todos, seja esse “conhecimento” de qualquer profissão ou nível de escolaridade. E o melhor: de graça!

Se você prestou bem atenção, notou que ele parece uma coisa mais séria. Isso mesmo! Você não vai encontrar as fotos e sites de seus artistas prediletos lá, porém pode encontrar a solução para uma equação matemática. Ele possui um campo onde você digita o que você quer procurar; automaticamente, ele define a área de conhecimento e dá os resultados mais relevantes. Se você digitar “abc”, ele retornará uma emissora de televisão; se você digitar “a b c”, você terá as notas musicais, sua posição no piano e na partitura etc.

Capturar

Wolfram|Alpha

Digite “acetaminophen” e você terá alguns dados químicos do princípio ativo do Tylenol. Coloque “hemoglobin” e você terá as estruturas da proteína que corre em seu sangue, junto com a sequência de seus aminoácidos. Digite “int(x^2 sin(x))” e você terá a integral indefinida da expressão “x².sen(x)”, junto com os graficos dessa função e, se você quiser, os passos para se achar essa integral.

Mas como ele faz isso?! Os funcionários da Wolfram catalogam zilhões de informações em seus bancos de dados, então ele não é um buscador de sites. Quando você realiza uma pesquisa, ele utiliza um mecanismo próprio para procurar, nesse “banco de dados monstruoso”, a resposta. Para tanto, ele utiliza dois supercomputadores R Smarr (são “só” mais de 4,6 mil núcleos de processamento e 65,5 mil gigabytes de RAM) e um batalhão de funcionários que a todo tempo atualizam o programa (até por isso o próprio Wolfram diz que ele nunca vai ficar pronto).

Quanto ao Google? Bem, são ferramentas bem diferentes, não dá mesmo pra afirmar que o Wolfram|Alpha é uma ameça. Pra variar, o Google, com sua mania de querer tudo, também tem tentado fazer algo do tipo, mas não tem tido muito sucesso.

Se você ficou interessado, dê uma olhada nesse site HowStuffWorks e, claro, no próprio Wolfram|Alpha.

Engane-se com sua própria mentira

•26/09/2009 • 2 Comentários

multiple-faces-706985Agora falemos do capítulo 12 do livro “O homem que confundiu sua mulher com um chapéu” de Oliver Sacks.

Aqui, William Thompson era outro paciente de Sacks que sofria da síndrome de Korsakov. Pessoas que sofrem dela não são capazes de lembrar coisas recentes. Por exemplo: elas não conseguem completar um problema de matemática quando este é muito longo, pois se esquecem do que estavam fazendo (não, você não tem essa síndrome); não conseguem se lembrar de alguém mesmo tendo conversado há uns 5 minutos com essa pessoa (nada, não se lembram de nada MESMO); as vezes tem a memória fixada no passado e vivem atualmente como se fosse aquela época; em alguns casos, como é o do sr. Thompson, não conseguem nem se lembrar de quem são. Deu pra ter uma idéia, não?

Mas o que chamava a atenção no caso do sr. Thompson era o fato de que sua mente não admitia uma sombra de incoerência, de inconsistência da realidade. Ou seja, além de não saber quem ele era e o que estava acontecendo a sua volta no momento, veloz e continuamente, ele substituia a realidade por improvisações do mundo a sua volta, criando um personagem e fazendo da outra pessoa, outro personagem.

Em uma breve consulta, ele se fez de comerciante e achou que o dr. Sacks era um freguês de sua loja; quando Sacks disse que não era, trocou-o por um velho amigo; Sacks negou novamente e passou a ser um vizinho açougueiro de carne kosher; negando novamente, passou a ser Freud por causa da barba; e no final voltou a ser um freguês novamente porque esquecera todo resto. Em outra situação, quando o sr. Thompson pegou um taxi, o motorista disse que era um passageiro fascinante: “Ele parecia ter estado em toda parte, feito tudo, conhecido o mundo. Não pude acreditar que tanta coisa fora possível em uma única vida. (…) É tudo muito curioso – uma questão de identidade”.O homem que confundiu sua mulher com um chapéu

Esse capítulo me faz refletir na nossa própria vida. Será que muitas vezes não somos assim? Será que não queremos encarar a realidade e criamos nosso mundo automaticamente e sem saber? Afinal, a vida também é um teatro. Muitas vezes, pela minha vivência, percebo que as pessoas criam nas suas vidas fronteiras muito apertadas que as impedem de abrir a mente para conhecer o mundo que os cerca. Isso se torna ainda mais intenso quando se vive em uma cidade grande, onde a pobreza e a riqueza dividem a mesma avenida e onde os problemas do meu próximo não são meus problemas.

Pense bem se a realidade em que você vive não é uma criação sua para se satisfazer. Se for verdade, pense se ela não o limitou. Eu vivo uma realidade criada por mim, sou um “ator no palco da minha vida”, porém eu quero que o meu desempenho nesse palco abra os meus horizontes. Você também não quer?!

“Tio Tungstênio”

•21/09/2009 • Deixe um comentário

MEU_TIO_TUNGSTENIO_1234414031PSim, tenho críticas ao ensino que consegue transformar qualquer matéria em puro tormento, principalmente quando se fala em ciências que se relacionam com a vida, como a quimica e a biologia. A química pode ser um universo interessante mesmo para aqueles que não gostam da matéria no colegial: eu era um deles…e quem diria que eu estou fazendo farmácia!?

Esse livro é uma auto-biografia de Oliver Sacks. Quando criança, seu tio possuia uma pequena fábrica de lâmpadas onde o jovem Oliver frequentava. Ele tinha a oportunidade de acompanhar os processos de fabricação das lâmpadas, pegar os toletes de metais de que eram feitos os filamentos e ouvir as explicações de seu tio sobre o mundo da química. Elas despertavam sua imaginação infantil que são descritos como momentos de reflexão sob o olhar de um garoto descobrindo a química novamente.

Sacks também tem a oportunidade de inventar uma química só sua. Classifica o enxofre, selênio e telúrio como os “malcheirogênios” por formarem substâncias extremamente fedorentas quando combinadas com hidrogênio. E, claro, peripécias de crianças como acrescentar dimetilamina no peixe que sua mãe comprara: claro que o peixe, que era bom, acabou no lixo. Me inveja o fato de que ele pôde ter acesso a determinadas coisas que hoje nem se quer sabemos o que são: sódio metálico, por exemplo, é propriedade do exército no Brasil.

Oliver Sacks

Oliver Sacks

O livro reconta a história da química clássica descrita sob o olhar do jovem Sacks, como se ele mesmo estivesse descobrindo tudo outra vez. Mas, não precisa ter receio de ler o livro achando que ele vai fazer você deixar de escolher Psicologia para cursar Engenharia Química: o próprio Sacks acabou se tornando um neurologista. Mas é muito bom sair do contexto de livros didáticos e apostilas que querem fazer você resolver exercícios para olhar a parte humana que cerca as descobertas científicas. Certamente, quem gosta de química, vai achar o livro apaixonante.

Sherlock Holmens!

•13/09/2009 • Deixe um comentário

Ultimamente eu não tenho postado muito… Não só por falta de tempo e assunto, mas porque é bem trabalhoso escrever os posts do jeito que eu gosto.

Ator interpretando Sherlock Holmes

Ator interpretando Sherlock Holmes

Enfim, aqui vai uma dica de leitura xD

Isso mesmo: Sherlock Holmes! O mais clássico detetive da literatura, criado por Sir Arthur Conan Doyle.

Os livros são muito bem escritos, a tradução que eu peguei está muito bem feita; de fato é aquele tipo de livro que não se consegue largar até saber o final! Agora posso entender o porquê de tanta fama!

São várias histórias, algumas longas, algumas curtas. O começo é o livro “Um estudo em vermelho”. Se você é como eu era, não fazia idéia de como lê-lo, comece por esse livro; depois não importa muito a ordem em que você ler os outros, são poucas as coisas que você perde.

E parace coisa de nerd, mas não…eu recomento para aqueles que acham que ler é um saco! Isso vai desmitificar essa sua idéia de leitura!

Atualmente existem desde edições de bolso de 5 reais até edições comentadas de ±50 reais cada um dos 5 volumes. E digo antes de tudo: vale cada centado que você puder despender nesse livro.

Fatos verídicos (e curiosos)

•02/09/2009 • 2 Comentários

Farinha de trigo enriquecida com ferro e acido fólico

Farinha de trigo.........essa é sem ferro?!

Farinha de trigo......essa é sem ferro?!


Há um tempo, foi definido que a farinha de trigo refinada (a branquinha) deveria ser enriquecida com ferro, um mineral muito importante para o corpo humano, e com ácido fólico, uma vitamina. Essa decisão foi tomada para atingir a população carente desses nutrientes, tal como aconteceu com o iodo no sal. Assim, por determinação da ANVISA, a denominação então passou a ser “farinha de trigo enriquecida com ferro e acido fólico”, com a obrigação de constar exatamente essas letras na embalagem.

No primeiro dia de venda, porém, para a surpresa de todos, essa farinha ficou na prateleira, enquanto as que não tinham sido adicionados nada, continuaram com as vendas normais. Isso aconteceu na Região Nordeste, justamente na parte mais carente desses nutrientes. Curiosos a respeito do motivo, foram perguntar à população o motivo de não terem escolhido a farinha mais nutritiva.

Dentre as respostas mais diversas, coisas como “Quê?! Botaram pedaço de ferro na farinha?” e “Ai, ácido? Ácido faz mal para o estômago!” foram as mais frequentes…

É…Conhecimento faz falta…

Ala X Omo

Omo

Omo

O sabão em pó de lavar roupas Omo é, sem dúvidas, o mais famoso do mercado brasileiro.

Até certo tempo atrás, a Unilever quis saber porque o sabão não era famoso nas classes D e E na região Nordeste. E acharam a resposta: a caixa.

Isso mesmo, a caixa! Por quê? Porque lá no nordeste não é prático para as lavadeiras irem a margem de córregos levando a caixa e nem para as donas de casa que usam tanquinho: molha tudo!

Ala

Ala

A solução: o novo sabão em pó Ala, que é comercializado só nessa região. Ao invés de caixa, é usada uma embalagem plástica.

Problema resolvido, o Ala tornou-se o sabão em pó mais famoso dessas classes na região. Parabéns a Unilever e seu marketing poderoso!